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Alimentação saudável e orgânica já ganha mercado

A busca por comida mais saudável aumenta está afetando a receita dos fabricantes de alimentos processados, numa clara demonstração de mudança para hábitos mais saudáveis.

A mudança de hábitos com relação aos alimentos já pode ser medida até mesmo pelos resultados comerciais das grandes empresas produtoras, que fabricam alimentos industrializados e bebidas com alto teor de açúcar.

Os gigantes do setor de alimentos, como a Danone, Coca-Cola e Kraft Heinz anunciaram nos Estados Unidos que no quarto trimestre do ano passado, que mostraram redução nas vendas daqueles seus produtos que eram preferidos por gerações anteriormente. Os consumidores parecem estar claramente preferindo alternativas saudáveis e as mudanças estão afetando os maiores produtores de alimentos e bebidas do mundo.

Alimentação saudável e orgânica já ganha mercado

Imagem: Getty

As mudanças na alimentação

Os consumidores estão mais conscientes sobre sua própria saúde e a de sua família e ao mesmo tempo de olho nos preços. Os grandes fabricantes estão sentindo a dificuldade de manter o nível de suas vendas. E com a redução de lucros o resultado mais provável que haverá o desafio de reduzir ainda mais os custos, com economia na matéria prima e nos processos de produção, o que geralmente leva a alimentos ainda mais processados e repletos de aditivos artificiais e baratos para conferir cor, sabor, textura e tudo o que possa atrair o consumidor.

As vendas caíram, resultado de novas preferências

O representante da Kraft Heinz, que no mercado brasileiro tem inúmeros produtos, liderados por molho de tomate tipo Katchup, maioneses, queijo tipo “cream cheese” e enlatados, declarou que a empresa teve queda de vendas de 1,1% no mercado americano, pela sétima vez consecutiva.

Por sua vez, a Coca-Cola reconheceu que teve a mais baixa venda de seu refrigerante nos últimos 31 anos. As bebidas de sua linha que, ao contrário, tiveram alta nas vendas,da ordem de 6% foram as orgânicas, como água vitaminada e chás.

A tradicional empresa americana Campbell Soup, fabricante de sopas, reportou uma queda de 2% em suas vendas no mesmo período, em uma clara demonstração de baixa demanda pela sopa industrializada.

A Nestlé revelou que no último quadrimestre de 2017 seu ritmo de crescimento nas vendas foi o mais lento dos últimos vinte anos. O seu presidente, Mark Schneider reconheceu que há uma tendência de abandono das supermarcas no mercado de alimentos e que essa mudança veio para ficar.

A Danone, fabricante tradicional de iogurtes, declarou que sua expansão nas vendas caíram para 2,9%, um ritmo mais lento em relação a vinte anos.

O crescimento do segmento de orgânicos e saudáveis desafia a crise

O investimento em alimentos orgânicos e bebidas saudáveis estão aumentando, como resultado de uma crescente busca por uma alimentação livre de aditivos químicos, mais natural e orgânica. No ano de 2016, no mercado brasileiro, esse setor alcançou R$ 93,6 bilhões em vendas, o que levou o Brasil ao quinto lugar no comércio mundial de alimentos naturais.

Nesse segmento, o crescimento dos produtos orgânicos foi o que mais se destacou, com um aumento de 18,5% nos últimos 5 anos, segundo pesquisas da Euromonitor Internacional. No Brasil, o aumento do consumo de alimentos naturais e mais saudáveis é muito expressivo. De 20111 a 2016, as vendas cresceram a uma taxa média de 12,3% ao ano, enquanto que o crescimento médio no mundo é de 8% ao ano.

Esse é um dado bastante positivo, que mostra que a preocupação com a saúde e a busca por alimentação mais saudável não foi afetada pela crise econômica e que as pessoas estão buscando novos hábitos como parte de uma mudança em relação ao próprio corpo e à saúde, que vieram para ficar.

Pesquisa realizada com o título de Tendências Mundiais de Alimentação e Bebidas 2017 mostrou que os brasileiros estão dispostos a gastar mais na compra de alimentos que contenham maior valor nutricional. Segundo a pesquisa, uma grande parte dos entrevistados (79%) já substituiu produtos por alternativas mais saudáveis e 44% evita produtos com corantes artificiais. 24% dos entrevistados gostariam de saber como preparar alternativas de alimentos mais saudáveis.

Mais frutas, legumes e verduras

Uma outra pesquisa, realizada pelo Instituto Datafolha em todo o país, para a Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador, entrevistou 4.560 comerciantes desse setor, que confirmaram que o público que frequenta restaurantes, bares, lanchonetes e padarias estão com novas exigências. A procura por frutas foi mencionada por 53% dos entrevistados, o maior consumo de verduras e legumes aumentou na opinião de 61% dos entrevistados. O consumo de sucos naturais também cresceu, segundo 65% das opiniões.

A nova tendência chega às Escolas de Gastronomia e ao Sebrae

Segundo a responsável pela Escola Natural Chet, a nutricionista Cris Tozzo, o curso de formação em gastronomia na área de alimentação natural e funcional está com a procura muito superior à oferta de vagas. As 60 disponíveis rapidamente foram preenchidas e a fila de espera é de três vezes a capacidade de atendimento do curso.

À medida em que o público consumidor muda os seus hábitos, a demanda por esse tipo de formação aumenta e o mercado deve se adaptar. Hoje á uma grande procura por alimentos sem glúten, sem lactose, opções orgânicas, vegetarianas, veganas e outras.

O Sebrae/SC é um exemplo de que os investimentos estão aumentando no setor da alimentação saudável. De acordo com a Coordenação Regional, muitas pessoas têm procurado o Sebrae para orientação, porque pretendem iniciar seus negócios nesse segmento. Isto porque, apesar do ambiente favorável, é necessário planejamento e conhecimento na gestão de negócios.

Mercados 100% orgânicos

Ainda iniciando no Brasil, apesar de já ser largamente difundido na Europa, são os mercados 100% orgânicos, onde é possível encontrar de tudo, não somente alimentos, inclusive artigos de higiene, de limpeza e alimentos para pets.

Em São Paulo foi inaugurado o Solli, no bairro de Pinheiros, o primeiro do Brasil nessa categoria. Em uma área de 140m2, podem ser encontrados dois mil itens orgânicos, inclusive plantas alimentícias não convencionais, como taioba e ora-pro-nóbis. Ali são expostos vegetais de boa qualidade, mas que normalmente seriam considerados fora do padrão estético, que leva muitos consumidores a comprar pela aparência, pelo formato e pela cor intensa. Essa valorização do produto está de acordo com uma política sustentável que evita o desperdício.

Regina Di Ciommo

Mestre e Doutora em Sociologia pela UNESP, pesquisadora na área de Ecologia Humana e Antropologia, Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental, foi professora em cursos superiores de Sociologia e Direito, nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Bahia.

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