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Avaliação dos planos de saúde mostrou situação grave

Uma pesquisa de avaliação dos planos de saúde foi feita pela Associação Paulista de Medicina.  Os resultados apontaram que a maioria absoluta dos usuários (96%) teve problemas com os serviços prestados, nos últimos dois anos.

A última pesquisa havia sido realizada em 2012, quando o percentual de queixas era de 77%. Na pesquisa foram entrevistadas 836 pessoas, no período de 25 de abril a 2 de maio de 2018. Os serviços que mais registraram problemas foram consultas médicas e exames. As dificuldades encontradas com as consultas médicas, em sua maioria, foi a demora para marcar (60%), saída do médico procurado do plano (37%) e poucos médicos para especialidades (23%).

Com relação aos exames, as queixas passaram de 40% para 72% do público atendido, um aumento expressivo. Os aspectos que mais desagradaram os usuários foram as demoras para autorizar um procedimento (31%), as opções restritas de laboratórios e clínicas (38%), a demora para marcar exames (39%) e a recusa do plano em autorizar um exame ou procedimento.

Segundo a análise do diretor da Associação Paulista de Medicina (APM), Dr. Florisval Meinão, esses números mostram uma situação inaceitável, considerando o quanto as pessoas pagam pelo atendimento. A pesquisa mostra que as operadoras trabalham com uma lógica puramente comercial. As redes de atendimento são insuficientes para garantir uma boa prestação de serviços a um número crescente de usuários, o que resulta na demora para marcação de consultas e exames.

Avaliação dos planos de saúde mostrou situação grave

Imagem: Dollar

Atendimento deixa a desejar

Com relação à qualidade do atendimento, as queixas dos usuários relatam que as salas de espera ficam lotadas (76%), que existe muita espera para o atendimento (59%), que exames ou procedimentos não foram aprovados (34%) ou que transferências hospitalares para pacientes internados não foram aprovadas (12%).

A avaliação sobre internações destaca as queixas sobre as poucas opções de hospitais disponíveis (37%), demora ou dificuldade em conseguir autorização do plano para a internação (26%) e falta de vagas para internação. Já com relação às cirurgias, as queixas são sobre a demora nas autorizações (18%), não terem conseguido autorização (8%) e dificuldade de cobertura para materiais especiais (9%).

De acordo com a APM, a situação é grave, principalmente no atendimento de urgência. Nesses locais, o tempo de espera é grande, existe dificuldade para a realização de exames e se o paciente precisa ser internado, há problemas para conseguir a internação. É uma situação muito difícil, que atinge os que estão passando por um problema agudo.

Tendo em vista as dificuldades existentes, os usuários são obrigados a procurar o Sistema Único de Saúde (SUS). Esse movimento registrou uma alta, de 15%, há seis anos, para 19%, em 2018. Outros procuraram o atendimento particular, com uma alta de 9% para 19%.

Avaliação segundo a opinião dos médicos

A pesquisa da Associação Paulista de Medicina também avaliou a opinião dos médicos, quando um total de 615 foram ouvidos. Cerca de 90% deles declarou que há interferência das operadoras dos planos de saúde no seu exercício profissional da medicina.

As interferências se referem a restrições para solicitação de exames que melhorem o diagnóstico e possibilitem um tratamento mais adequado (60%). Segundo eles existem obstáculos para indicação de medicamentos de alto custo e quanto ao tempo de internação no pós-operatório.

Os médicos filiados aos planos de saúde também trabalham no SUS, num total de 60%. Apenas 20% dos médicos afirmou que consegue internar um paciente sem dificuldades. 85% deles disseram que enfrentam problemas para conseguir uma sala de cirurgia. Para noventa por cento dos profissionais que trabalham no SUS, a instituição não tem equipamentos adequados para diagnósticos e exames. Um total de setenta por cento declarou que já foi agredido no exercício da profissão e alguns já foram vítimas, inclusive, de agressão física (12%).

A Associação Brasileira de Planos de Saúde se defende

A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) publicou uma nota em que afirma sua intenção de dialogar com as categorias profissionais, para que busquem uma solução conjunta para os desafios existentes no setor. Foi destacado o aumento crescente dos custos, principalmente em razão da mudança no perfil demográfico, com assistência maior para a população idosa. Além disso, existem os custos decorrentes da necessidade de incorporação de novas tecnologias médicas, os recursos judiciais pelos medicamentos de alto custo e um grande volume de desperdício. A Abramge afirma que o Brasil é campeão mundial de realização de ressonância magnética, o que a seu ver seria desperdício, porque muitos seriam desnecessários.

Está impossível contratar um plano de saúde individual

Muitos consumidores brasileiros procuram um plano de saúde individual, mas eles praticamente deixaram de existir. Essa é uma modalidade dificilmente é encontrada no país, o que têm preocupado os especialistas.

O consumidor que perde o plano coletivo com o desemprego, o que é uma caso frequente, muitas vezes imagina que vai continuar a ter um plano de assistência privada, agora por conta própria. Mas isso está praticamente impossível.

Desde 2015, o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) mostrou que cinco, das 27 capitais brasileiras, não possuíam plano de saúde individual. Em 11, apenas uma operadora oferecia essa modalidade. Até 2018, a situação só piorou e isso não significa que não há demanda por esse tipo de serviço, ao contrário, conforme atestam os consultores de vendas especializados.

As vantagens dos planos individuais é que eram mais baratos e ofereciam garantias ao consumidor, como, por exemplo mensalidades reajustadas pela ANS e um contrato que não podia ser rescindido unilateralmente pela operadora. Quanto mais escassos se tornaram, mais caros ficaram. Atualmente, uma pessoa de mais de 60 anos pode encontrar um plano individual por R$ 760, mas o valor pode chegar a R$ 2 mil, enquanto que um plano para quem tem 18 anos custa em torno de R$ 150 a R$ 200, em média.

As operadoras argumentam que o custo da saúde está aumentando, ao mesmo tempo em que a população atendida está envelhecendo. Para as empresas, o reajuste que a ANS autoriza não costuma ser suficiente para compensar a inflação médica. Portanto, de algum lado o cálculo está equivocado, ou a ANS não avalia com exatidão os custos, ou as operadoras inflam sua contabilidade para além da realidade.

Avaliação dos planos de saúde mostrou situação grave

Imagem: ciperj

Os planos de saúde por adesão a alguma associação vem sendo oferecido por algumas operadoras, mas esses contratos não equivalem aos planos individuais, mantendo regras diferentes. As regras não têm a mesma garantia do contrato de pessoa física. Existem riscos que precisam ser esclarecidos, porque não se está adquirindo um plano individual.

Na atual conjuntura do Brasil, principalmente depois da reforma trabalhista, são muitos os trabalhadores autônomos, terceirizados, informais e intermitentes, para quem o plano de saúde individual seria uma opção, desde que com um custo que o consumidor possa pagar.

Se a situação fosse analisada pelas operadoras, o atendimento dessa parcela crescente da população poderia representar uma possibilidade de equilíbrio para a sua sobrevivência financeira, ao mesmo tempo em que beneficiaria um grande número de pessoas. As operadoras restringem o acesso aos planos individuais com o argumento do custo e do controle dos reajustes. No entanto, ao invés de poucos pagando por um alto preço, como acontece nos raros planos individuais existentes, passariam a ser muitos pagando um preço justo, ao lado de uma política de prevenção das doenças, que reduza a necessidade de tratamentos caros.

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Regina Di Ciommo

Mestre e Doutora em Sociologia pela UNESP, pesquisadora na área de Ecologia Humana e Antropologia, Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental, foi professora em cursos superiores de Sociologia e Direito, nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Bahia.

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