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Cirurgias plásticas clandestinas representam risco mortal

O Brasil se destaca pelo número de cirurgias plásticas realizadas. A sociedade está sob a pressão da ditadura da beleza, do corpo perfeito. Mas isso pode induzir a acidentes mortais, como mostram as notícias recentes.

O público feminino parece ser o alvo principal da mídia, mas os homens também estão aderindo ao modelo que impõe corpo sarado, magreza, corpo e pele perfeitos. O modelo no imaginário coletivo é de uma beleza jovem e erótica, que leva muitas vezes, a cirurgias estéticas que arrastam à morte. Os apelos da mídia para estabelecer a ditadura da beleza impõem a magreza e o rejuvenescimento, não reconhecendo a possibilidade de saúde e dignidade no envelhecimento.

As cirurgias plásticas são feitas em 50% dos casos, por razões estéticas, muitas vezes realizadas por adolescentes, que não têm ainda o corpo formado e já é mudado para atingir os padrões de beleza atuais. Esses padrões acabam por levar, em grande parte da sociedade brasileira, a intervenções estéticas a qualquer custo, em uma estressante luta para a mudança dos contornos do corpo.

Cirurgias plásticas clandestinas representam risco mortal

Imagem: Getty

Quando a corrida para o corpo perfeito acaba em morte

Uma mulher de 46 anos, Lilian Calixto, morreu no último dia 14 de julho, depois de passar por uma cirurgia plástica, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. A cirurgia ocorreu na residência do médico.

A paciente morava em Cuiabá (MT) e desejava um procedimento estético nos glúteos, segundo a imprensa. Aparentemente, ela sabia que o procedimento seria realizado no consultório do médico Denis C. B. Furtado e não em um hospital. Depois de passar mal, ela foi levada ao Hospital Barra D’Or, onde chegou em estado grave e, mesmo depois de intervenções de recuperação, veio a falecer poucas horas depois. O procedimento custou R$ 20 mil, com pagamento antecipado e na cirurgia.

Há menos de um ano, em outubro de 2017, outra mulher morreu depois de cirurgia plástica realizada em uma clínica particular, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Alessandra Machado, de 35 anos, tentou fazer três procedimentos ao mesmo tempo, abdominoplastia, laqueadura e lipoaspiração, mas veio a falecer. O médico se apresentou como cirurgião plástico, mas no site do Cremerj ele está registrado como médico do trabalho.

O médico responsável pelo procedimento da paciente Lilian Calixto costumava divulgar seu trabalho nas redes sociais, onde ele mantinha mais de 650 mil seguidoras, o que lhe garantia clientes, desde que não investigassem seu passado. O médico costumava praticar essas cirurgias fora de hospitais também em São Paulo e Brasília e seu prontuário acumula sete crimes, um deles por homicídio. Ele nunca teve registro no Cremerj e, em Brasília, existem quatro processos contra ele por exercício ilegal da medicina, manutenção de clínica clandestina e crime contra o consumidor. Isso quer dizer que, a ilegalidade e clandestinidade de seu trabalho poderiam ser facilmente investigadas por qualquer paciente que decidisse obter informações, para se cercar de segurança antes de se submeter a uma cirurgia de risco.

A cultura da beleza se impõe no Brasil

O povo brasileiro é muito vaidoso e as estatísticas estão aí para provar. Mesmo com o encolhimento da economia e o alto valor das cirurgias plásticas, que por serem estéticas não são cobertas pelos planos de saúde, o Brasil é o segundo colocado no ranking mundial das cirurgias plásticas. Segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), em 2015, foram realizadas 1,2 milhões de cirurgias plásticas, além de 1,1 milhão de procedimentos estéticos, o que fica logo abaixo dos 1,4 milhão de procedimentos cirúrgicos realizados nos Estados Unidos.

As mulheres representam 85,6% do público que procurou intervenções estéticas, com 358 mil cirurgias de mama. As principais cirurgias realizadas no Brasil são a colocação de próteses nas mamas, a abdominoplastia, a lipoaspiração, a blefaroplastia e a rinoplastia.

O aumento do poder aquisitivo das classes C e D, além do padrão imposto de beleza e as novas tecnologias estéticas explicam essa avalanche de procedimentos estéticos. A lipoaspiração está sendo até banalizada, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Regional de São Paulo, Dr. Fernando Prado. A lipoaspiração, segundo ele, só pode ser feita por quem tem treinamento específico, de dois anos de cirurgia geral e mais três anos de cirurgia plástica, até ser aceito pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. As ofertas e descontos com preço baixo só podem causar problemas, diz ele.

Quando vaidade chega ao transtorno psicológico

Segundo a psicóloga Marina Vasconcellos, especialista em psicodrama terapêutico, em muitos casos as intervenções cirúrgicas e procedimentos estéticos são desnecessários. Para muitas, os médicos e esteticistas garantem que não é preciso mudar ou intervir na silhueta, mas a pessoa não se conforma e aí começam os problemas. A insistência leva, às vezes, à intervenção insegura e clandestina.

A psicóloga explica que a extrema necessidade de admiração é resultado de insegurança. Quando a pessoa não se aceita e se acha feia, pode chegar a um transtorno, o dismórfico corporal, em que vê o seu corpo numa relação equivocada. Há um incômodo com o nariz, os lábios, os dentes, ou todo o conjunto, o que causa sofrimento.

A Dra. Cecília Zylberstajn, psicodramatista e psicoterapeuta, afirma que o grande problema é que a cirurgia plástica está associada à felicidade, algo que vai produzir a felicidade incondicional.

O Dr. Fernando Prado, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica da Regional São Paulo, destaca que o paciente precisa reconhecer o limite para parar e desistir de uma intervenção estética, de acordo com o bom senso. Os exageros nunca são saudáveis.

O perigo das cirurgias clandestinas

Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), existiam no Brasil 12 mil médicos exercendo a medicina na clandestinidade, de acordo com registros até 2012. Existem muitos que realizam cirurgias plásticas que significam um perigo para a segurança dos pacientes, pois, para a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), esses profissionais são inaptos.

De acordo com a SBCP, existe um grande número de cursinhos de final de semana, para treinar profissionais clandestinos. O perigo está nesses falsos cursos, porque o médico cirurgião plástico precisa passar por 14 mil horas de treinamento. A maioria das queixas de problemas causados por cirurgias envolvem cirurgiões que não são habilitados, em 97% dos casos.

A população precisa ser alertada sobre os perigos que isso representa e saber que os procedimentos estéticos somente podem ser realizados com os membros da SBCP. É possível saber a condição do médico pesquisando no site da entidade, procurando na lista dos membros efetivos.

Um médico sem o devido treinamento é garantia de fracasso no procedimento. Infelizmente a SBCP não tem poder para fiscalizar esses médicos clandestinos. Isso somente pode ser feito através de denúncia, para que o caso seja analisado pelo CFM e pela Justiça.

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