A saúde das crianças exige planejamento dos alimentos e vai além de manter um plano de saúde para assistência médica. Você se preocupa com o que seu filho come ao invés de se preocupar com o quanto ele come?
Nas três últimas décadas os padrões de consumo alimentar, nas áreas metropolitanas do Brasil, segundo os estudos, deixaram de ser baseados no tradicional arroz e feijão. O aumento de produtos industrializados chegou a ser de 400%, principalmente em se tratando de biscoitos e refrigerantes, consumo excessivo de açúcar e em gorduras em geral. A dieta rica em gorduras e com baixo teor de fibras, tem sido responsável pelo aumento do sobrepeso e da obesidade nas populações urbanas de todo o mundo. Os problemas alimentares das crianças passaram da desnutrição para o sobrepeso e a obesidade, provocados pelas mudanças no nosso estilo de vida nas grandes cidades. Ao mesmo tempo em que, nas cidades do Nordeste e Norte do país, a subnutrição ainda é um desafio a ser superado e a merenda é um fator chave para a aprendizagem.

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Deficiências na nutrição
Um dos principais fatores para o crescimento e o desenvolvimento saudáveis é a alimentação correta. Essa é a melhor forma de prevenir e até combater doenças. Uma criança com alimentação insuficiente ou com pouca variedade pode desenvolver não apenas desnutrição, como também anemia e outras carências nutricionais. Os alimentos são refletidos na saúde, fornecem maior resistência às doenças, contribuem para uma maior resistência, melhoram a aparência e dão a capacidade para aprender e disposição para estudar.
No Brasil, o Programa Nacional de Alimentação Escolar, o PNAE, e os Departamentos de Merenda Escolar (DME) dos municípios têm como objetivo atender, ao menos parcialmente, as necessidades nutricionais das crianças do ensino infantil e fundamental da rede pública, além das entidades filantrópicas. O aluno recebe uma refeição completa na escola.
Merenda escolar e desnutrição
Sem nenhuma dúvida, a alimentação escolar é de fundamental importância para a criança, segundo já comprovado em inúmeros estudos e pesquisas. De acordo com publicação do Ministério da Saúde, de 2008, a merenda escolar é a principal refeição do dia para 50% dos alunos da região Nordeste e 56% da região Norte do Brasil.
Entretanto, a alimentação nas escolas ainda está longe de garantir a segurança alimentar das crianças brasileiras. A UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Adolescência (UNICEF) recentemente revelaram que 45% das crianças brasileiras, de até cinco anos, apresentam quadro de desnutrição.
A criança desnutrida, apesar de não ter comprometida sua capacidade cognitiva, segundo estudos realizados, sofre efeitos na velocidade de seu crescimento e até na interrupção do mesmo.
A merenda escolar na escola pública reflete-se no melhor rendimento escolar porque, ao chegar à escola, a criança vai para a sala de aula sem sentir fome, livre desse fantasma durante o período em que está na escola. Apesar de não significar a total remissão da desnutrição, a merenda livra a criança da sensação de fome. Além disso, oferece à criança a experiência de uma refeição coletiva, o que reforça o sentimento de cidadania, o que é um incentivo para que a criança consiga responder ao desafio de acompanhar os temas pedagógicos.
Qualidade da alimentação
A ingestão correta de alimentos na hora do intervalo das aulas é uma questão importante, tanto para as escolas da rede pública de ensino, municipal ou estadual, como também nas escolas particulares. A merenda é o alimento que a criança recebe na escola, seja fornecida pela entidade pública, seja quando é preparada em casa. Segundo pesquisa realizada no município de Muriaé, por Fernanda Helena Almeida e Eliana Carla Gomes, em 2007, a merenda que as crianças trazem de casa costuma ser composta por biscoito, refrigerantes, e sucos naturais.
Os resultados obtidos pela pesquisa constataram que em termos energéticos as merendas contêm elementos até superiores à quantidade recomendada, com um reduzido teor de proteínas e falta de vitaminas e minerais, com escasso consumo de hortaliças, frutas e leite, alimentos importantes para a nutrição infantil.
Nutrientes essenciais para o desenvolvimento físico e mental
A merenda escolar deveria ser planejada tendo em vista um equilíbrio entre os nutrientes necessários na alimentação das crianças , tais como:
Carboidratos
Os hidratos de carbono ou carboidratos são elementos formados a partir do carbono, hidrogênio e oxigênio. A função dos carboidratos para o corpo humano é fornecer energia, facilitar o metabolismo e manter as células vermelhas do sangue. Os carboidratos são diferenciados, podendo ser classificados em:
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- Glicose, frutose e galactose. A glicose é o monossacarídeo mais abundante no organismo humano, pois é fornecida pelos doces. Também pode ser chamada de Dextrose, e está muito presente nos alimentos industrializados.
- Sacarose, maltose e lactose, que estão presente no leite e laticínios.
- Amido, celulose, glicogênio, que fazem parte dos cereais e legumes.
Proteínas
As proteínas são compostas por aminoácidos que em sua estrutura possuem carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio. As proteínas têm função de construir novas células, tanto nos tecidos, pele, ossos, cabelo, como nos órgãos internos e no sangue. As recomendações nutricionais são de que a necessidade de ingestão de proteína diária varia entre 0,75g a 1,5g por kilo de peso corporal.
Lipídios
Os lipídios possuem diversas funções no corpo humana, são uma reserva de energia corporal, compondo membranas, combatendo inflamações, equilibrando sensações térmicas de frio e calor. São componentes de enzimas que fazem parte de uma série de processos celulares importantes para os movimentos e os hormônios.
Obesidade e sobrepeso em crianças em idade escolar
Por outro lado, a obesidade e sobrepeso infantil tem se constituído um problema, devido à mudança dos hábitos alimentares, com o grande consumo de produtos industrializados que, vendidos em cantinas escolares e mesmo quando comprados pelos pais, substituem alimentos mais saudáveis.
A merenda escolar faz parte da educação alimentar, que é um instrumento que demonstra a importância de uma boa alimentação para a saúde e os problemas que podem surgir quando a alimentação não é adequada. O momento da merenda pode ser transformado em uma atividade educativa, em que a escola fornece aos alunos informações e conhecimentos relacionados com alimentação e saúde, fazendo com que a criança participe da atividade .
Uma merenda escolar de qualidade beneficia não apenas a criança, mas também toda a família, estimulando a mudança do comportamento alimentar. Se a alimentação na escola contribui para um melhor desempenho escolar, contribui também para a formação de bons hábitos alimentares. Sem dúvida que essa contribuição estará aumentando a segurança alimentar, que faz parte dos direitos humanos, melhorará a qualidade de vida aumentará o sentido de cidadania.
O famoso chef inglês Jamie Oliver não se cansa de divulgar em seus projetos a importância da alimentação saudável. Segundo ele, trabalhar para mudar a alimentação das pessoas é salvar a sua vida. Os hábitos da atualidade, que levaram as crianças a consumir hambúrguer, cachorro-quente e chocolate, segundo ele, colocam em risco a saúde. O projeto de merenda escolar saudável de Jamie Oliver , desde 2005, promove uma grande mobilização para mudar a merenda escolar da Grã-Bretanha.
Seu projeto testou uma dieta durante um ano, em que foram introduzidas frutas, verduras e carne vermelha em receitas novas e atraentes. O resultado foi que o desempenho escolar melhorou consideravelmente. Um fato notável foi a redução do número de inaladores de ar entre os asmáticos, o que os especialistas consideram um indício de melhor saúde. E as crianças, que de início não reconheciam um tomate, uma berinjela ou uma batata, passaram a gostar das novidades introduzidas na merenda.
Sabe-se que atualmente existe uma tendência no perfil nutricional da população em geral e a Organização Mundial de Saúde já alertou que a obesidade é uma questão de saúde pública. Enquanto que no Brasil, até a poucas décadas atrás, a preocupação em relação à saúde infantil era a desnutrição, nosso estilo de vida mudou em razão das mudanças no estilo de vida e padrão sócio econômico e isso se refletiu no crescimento do sobrepeso e obesidade entre as crianças.
Estudo realizado por pesquisadores do Curso de Enfermagem da Universidade de Santo Amaro, sob a responsabilidade de Patrícia Carriel Silvério Lopes (2010), em São Paulo, SP comparou dados de crianças americanas e brasileiras, no que se refere a sobrepeso e obesidade. Apesar dos dados brasileiros com relação à obesidade infantil serem ainda limitados, o que acarreta dificuldades na comparação dos estudos, algumas constatações importantes foram feitas.
Os autores citaram pesquisa americana em que 162 crianças, com idade entre 6 anos e 11 meses e máxima de 10 anos e 11 meses, 54,9% estavam com peso considerado normal, 6,8% eram desnutridos, 19,8% com sobrepeso 32 crianças e 18,5% eram obesos.
A mesma pesquisa constatou no município de São Paulo:
Tabela – Estado Nutricional e sexo das crianças estudadas, 2008. Lopes e outros (2010)
O percentual de obesos é elevado (18,5%), sendo que os dados obtidos demonstram a prevalência de sobrepeso e obesidade (38,3%) acima dos casos de desnutrição (6.8%). Esses fatos exigem uma mudança no planejamento e direcionamento de ações de saúde para a população infantil.
Nos últimos anos houve crescimento da tendência da população brasileira e mundial de substituir as principais refeições por lanches rápidos, os chamados “fast foods” ou “bobagens”. Isso vem ocorrendo devido ao trabalho do pai e da mãe, que são resultado das transformações provocadas pela vida moderna.
Uma criança tem o organismo em crescimento, com necessidades energéticas específicas de vitaminas, sais minerais, proteínas e fibras. Por esse motivo a alimentação deve ser equilibrada, respeitando os gostos e aversões de cada criança. No entanto, um item da dieta tem sido altamente responsável pela obesidade. É o refrigerante, um líquido calórico, que possui em sua composição substâncias como o sódio, carboidratos e principalmente açúcar, muito apreciado por crianças de todas as idades. As pesquisas científicas consideram o refrigerante, assim como o consumo de doces são os responsáveis pelo ganho de peso e se possível deve ter seu consumo limitado e até abolido da dieta das crianças.
Investir alguns minutos diários para planejar o que os filhos levarão na merenda, quando se trata de escolas particulares, é uma forma de economizar no orçamento familiar, evitando lanches comprados nas cantinas, além de investir no futuro saudável.
Os lanches industrializados, como bolachas, doces, bolos, salgadinhos e sucos, podem ser substituídos por frutas frescas e sanduíches caseiros. Em termos ambientais isso também resulta em diminuição do consumo de energia e recursos naturais que os produtos industrializados requerem.
Os vegetais, na maioria dos casos, são produzidos localmente, e seu consumo incentiva a economia da região onde são produzidos, beneficiando as comunidades locais. A redução do consumo de lanches industrializados também reduz a produção de lixo como embalagens, isopor e plásticos. Os produtos naturais são, portanto, bons para a criança, para a economia e para o meio ambiente.
Os alimentos industrializados mais nocivos são os que tem excesso de sal e gordura saturada ou aqueles com gorduras trans. Além da escola, os pais e mães devem ensinar a seus filhos a escolher os alimentos, mostrando a função do seu conteúdo e seus efeitos. O balanceamento da alimentação pode incluir um produto industrializado como um iogurte ou uma barra de cereais, mas é preciso incluir também frutas, vegetais, carne, sucos e cereais naturais.
Para a criança existe o perigo de uma dieta desbalanceada, baseada em guloseimas e salgadinhos. A educação alimentar pode corrigir os problemas da alimentação. Se os pais derem o exemplo, o resultado será a manutenção de hábitos saudáveis para toda a vida. A alimentação equilibrada garante o controle de açúcar e gorduras, para que sejam evitados males como hipertensão, obesidade e diabetes, que são problemas atualmente responsáveis por 50% das mortes no país, segundo o Ministério da Saúde.
A criança com sobrepeso tem mais chance de se tornar um adulto obeso e os adolescentes obesos tem grande probabilidade de seguirem obesos na fase adulta.
Para evitar problemas futuros com a balança, a merenda que o aluno leva para a escola e também os produtos vendidos na cantina do colégio têm papel importante na educação da criança. Ela pode ser estimulada a fazer escolhas saudáveis. Por esse motivo, também a cantina precisa colaborar, pois tem uma contribuição a dar para a nutrição das crianças e, portanto, para sua educação. É preciso estimular uma nova mentalidade para as cantinas escolares , para que ofereçam opções além dos salgados fritos e os industrializados, com a inclusão de sanduíches contendo vegetais e alguns tipos de carne, salgados assados, bolos de fubá ou cenoura sem cobertura, frutas frescas e picadas, sucos de frutas, água de coco e água mineral.
Nas cantinas, as frutas precisam ser oferecidas já lavadas, frescas, picadas e de forma atraente, em potes reutilizáveis e recicláveis. Dessa forma é possível adotar a uva, melancia, pera, mamão, morango, melão, kiwi, maçã, banana em pedaços.
Em São Paulo, alguns colégios particulares, segundo notícias recentes, passaram a adotar até mesmo cartões eletrônicos nas cantinas , para permitir aos pais o controle dos gastos diários dos filhos com alimentação na escola.
Participe você também da educação alimentar de seus filhos
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Oi, minha filha tem 3 anos, ela estuda no período da manhã, ela toma uma vitamina às 6 e meia da manhã e não come mais nada na escola a merenda do jeito que vai volta, as professoras oferecem mas sempre recusa. O que fazer?
Att.
Boa tarde,
Onde eu moro e ao contrário a merenda escolar na minha opinião não e saudável porque é composta apenas de suco e bolacha, ou uma sopa de macarrão ou leite com bolacha, a sopinha e o leite eu não tenho nada a dizer, mas sobre o suco e a bolacha eu não acho certo principalmente para a ed. infantil que estuda na parte da manha que acorda sedo e em vez de merenda alimento mais saudável não come e bebe alimento doce mais como disse a coordenadora foi recomendado pela a nutricionista e e coisa de matuto quem acha que e errado essa merenda.
Grata.
Muito bom o post, mas se trata de um assunto muito discutido e pouco praticado entre as mães e pais. Eu mesma conheço uma menina com oito anos que quando vem na minha casa não come absolutamente nada! Não consome frutas, verduras, carnes. O trivial como arroz, feijão e carne branca (frango) até come, mas só se for preparado pela mãe. Me vejo numa situação bem difícil porque dou preferencia a alimentação mais natural. Hoje essa criança está no quadro de sobrepeso e a meta é perder 10 Kg até os 12 anos. Mas isso é um problema que só será resolvido com a reeducação alimentar em casa. Em contra partida essa semana conheci uma mãe que tem uma filha de 9 meses e pesam exatamente 5,900 kg. Ela está no quadro de desnutrição total. A família é de baixa renda e alheia ao problema desse bebê tão frágil. Vejo com isso dois extremos da sociedade, onde o que mais me preocupa é a falta de informação. Os alimentos processados e industrializados são manipuladores, pois são mais baratos e facil de preparar, e os naturais são caros e requer uma disponibilidade de tempo para preparo. Mas mesmo assim, dou preferencia a uma boa sopa de feijão do que uma pizza.
Muito interessante esta matéria. Precisamos ampliar este debate nas escolas envolvendo as famílias das crianças, profissionais da área, todos os educadores em cada instituição escolar. A modernidade nos trouxe hábitos alimentares nada saudáveis. As fámílias têm optado por uma alimentação comprometedora para a sua própria saúde. Os problemas socias que originaram essa problemática ultrapassam os limites da família e da escola. Obviamente a educação não vai mudar nossos hábitos alimentares da noite para o dia, mas sem dúvida, pode contribuir e muito para a conscientização da necessidade de uma alimentação saudável.