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Mudanças climáticas e saúde, o que há de certeza

O calor intenso provoca estresse, que afeta quem tem problemas de saúde, principalmente em idosos. A poluição do ar piora quando aumenta a temperatura. O problema é grave em países como o Brasil, que já sofre com a falta de infraestrutura hospitalar.

Em todo o mundo, a população sofre com os efeitos da poluição atmosférica, calor, inundações e incêndios florestais, com a consequente onda de doenças, ferimentos e mortes provocadas por esses eventos.

Em países como o Brasil e outros países em desenvolvimento, o sistema de saúde é precário para atender a uma nova demanda das populações mais vulneráveis.

Essa é uma conclusão de pesquisa publicada no periódico inglês “The Lancet”, elaborada por 27 instituições internacionais.

Os crescentes efeitos do aquecimento global e da mudança climática serão sentidos principalmente por idosos e trabalhadores que permanecem ao ar livre.

Devido ao acúmulo de lixo nas áreas urbanas, enchentes e estiagem, doenças como o cólera e a dengue passarão a ser cada vez mais comuns, porque mosquitos encontram condições para se reproduzirem.

O estudo publicado estima que, mais de metade (51%) das 478 cidades pesquisadas de todo o mundo, terão a infraestrutura de saúde pública comprometida pelas mudanças climáticas.

Apenas 4,8% do orçamento dedicado à adaptação às mudanças climáticas nos países tem relação com políticas de saúde pública, o que é irrisório.

Na produção de alimentos e produtos agrícolas, o relatório indicou que 30 países já verificam redução no rendimento das colheitas, o que está ligado aos eventos climáticos extremos.

O calor extremo provocou a perda de 153 bilhões de horas de trabalho por doenças, em 2017.

Somente a China perdeu 21 bilhões de horas, o equivalente a um ano de trabalho para 1,4% de sua população ativa, segundo a edição 2018 do relatório “The Lancet Countdown sobre Saúde e Mudanças Climáticas”, do Banco Mundial e a OMS.

Mudanças climáticas e saúde, o que há de certeza

Imagem: Getty

Os mais atingidos pelos impactos

Além dos trabalhadores, os idosos são as grandes vítimas das mudanças climáticas.

A poluição do ar nas cidades também é outro motivo de preocupação, porque o problema piora quando aumenta a temperatura.

O calor intenso provoca estresse, que afeta quem tem problemas de saúde, como doenças cardiovasculares, diabetes ou doença renal crônica. O trabalho ao ar livre, em áreas de agricultura, se torna perigoso.

O relatório indica uma lista as medidas necessárias e urgentes para proteger a população dos impactos das mudanças climáticas.

Entre as medidas recomendadas estão normas trabalhistas que protejam os trabalhadores de extremos de calor e maior investimento em hospitais e centros e saúde.

Não há mais lugar para incerteza

O aumento de doenças e mortes como consequência de ondas de calor extremas já é uma certeza, não há mais lugar para incertezas.

É o que está acontecendo e vai piorar, porque as temperaturas globais continuam a subir.

De acordo com a Dra. Kris Ebi, do Centro de Saúde e Meio Ambiente Global da Universidade de Washington, as comunidades dos países não estão preparadas para as consequências do aumento das ondas de calor, que são mais frequentes e intensas.

A ciência precisa estar acima das ideologias

O jornal inglês The Guardian publicou no dia 6 de janeiro de 2019, entrevista com Katharine Hayloe, premiada climatologista sobre a urgência de se tratar a crise climática e porque sua grande esperança são as pessoas.

Segundo ela, um termômetro não é liberal ou conservador, de direita ou de esquerda”. O medo não favorece as ações necessárias para mudanças de longo prazo, mas é preciso ter esperança.

Katharine Hayhoe é climatologista e diretora do Centro de Ciências do Clima, na Universidade de Tecnologia do Texas.

Ela já participou de mais de 125 publicações científicas e ganhou inúmeros prêmios por seu trabalho de comunicação científica.

Em 2018, Katharine participou da Avaliação Nacional do Clima nos Estados Unidos e recebeu o prêmio Stephen H. Schneider para extraordinários trabalhos em comunicação sobre a ciência do clima.

Em 2018, o mundo assistiu incêndios florestais no circulo Ártico; recordes em altas temperaturas nos Estados Unidos, África, Austrália e Brasil; enchentes na Índia e secas devastadoras na África do Sul e Argentina. Será este um ponto de mutação?

O ano evidenciou como as mudanças climáticas estão jogando contra nós humanos, ao amplificar eventos climáticos naturais.

Nos agora temos estudos que mostram o quanto são prováveis e cada vez mais fortes os eventos climáticos que se tornaram extremos como um resultado das emissões humanas.

Por exemplo, incêndios florestais no oeste dos Estados Unidos agora queimam aproximadamente o dobro da área do que comumente aconteceria.

Quase 40% de chuvas a mais caíram durante o furacão Harvey do que em tempos normais. Portanto, estão sendo sentidos os impactos e está sendo revelado o quanto a humanidade é responsável por isso.

O que já está comprovado cientificamente

O Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas publicou em outubro de 2018 o seu Relatório Aquecimento Global de 1,5ºC.

O relatório científico é de enorme importância e foi divulgado na Coréia do Sul e analisa as perspectivas de limitar o aquecimento global a 1,5 °C, que era a temperatura do Período Pré-Industrial, destacando a necessidade de uma ação climática urgente.

O texto foi aprovado por 195 governos, mostrando que existe uma pequena janela de oportunidades para sair do perigoso caminho de aquecimento em que o mundo se encontra.

Esse texto é o mais importante sobre mudança climática e é a referência para tomada de decisões dos governos de todo o mundo, para cumprirem os compromissos assumidos em relação ao clima no Acordo de Paris.

No final de 2018, a avaliação do clima feita pelo governo federal americano foi publicada. Essa avaliação também é de grande importância no estudo dos impactos das mudanças climáticas.

O ato de observar os efeitos afeta o resultado, isto é, se as pessoas não estivessem alertas sobre o que está acontecendo, porque alguém iria mudar?

Essas avaliações fornecem a todos uma visão de futuro se continuarmos a seguir o atual caminho.

Fazendo isso, elas conseguem combater o mito perigoso e difundido, que a maioria aceitou, de que as mudanças climáticas não tem a ver com cada um pessoalmente.

Quem nega a mudança climática

Comparado a épocas anteriores, quanto de atenção a mídia deu a esses relatórios? Alguma cobertura aconteceu, mas uma grande parte da mídia sobrevive através da geração de controvérsias, portanto, ela deu espaço para vozes de oposição, ao invés de explicar os fatos científicos.

As mudanças climáticas não devem ser assunto para comentaristas da mídia e políticos que no twitter se expressam representando os interesses da indústria do petróleo, em detrimento da ciência.

Esse foco de controvérsia é frustrante para um cientista, afinal, um termômetro não é liberal, de esquerda ou conservador e de direita.

Os combustíveis fósseis nos trouxeram grandes benefícios, mas a solução para nossa atual crise é parar de utilizá-los. E isso causa muito medo.

Há dez anos, poucas pessoas sentiam-se pessoalmente afetadas pela mudança climática. Isso parecia muito distante.

Hoje, a maioria das pessoas pode apontar uma maneira específica em que a mudança climática afeta suas vidas diárias.

Isso é importante porque os três passos chave para a ação nesse caso são aceitar que a mudança climática é real, reconhecer seus efeitos em cada um de nós e estar motivado para fazer alguma coisa para consertar isso.

Algumas pesquisas de opinião mostram que a maioria das pessoas concorda que o clima está mudando, mas ainda uma grande parte diz que não se sente afetada.

Segundo a cientista Katherine HayHoe, parece existir um círculo vicioso, quanto mais os relatórios dos cientistas são publicados com grande número de dados, maior é o movimento contrário dos políticos, cujo poder, ideologia e recursos financeiros dependem de manter as coisas como estão.

Além disso, eles são apoiados pelos que temem as soluções para a mudança climática, mais do que temem seus impactos.

Negar a mudança climática mostra que a sociedade está politicamente polarizada entre aqueles que se prendem ao passado e os que reconhecem a necessidade de um futuro melhor.

Abandonar os combustíveis derivados do petróleo é ameaçador para aqueles que perdem financeiramente com esta mudança.

 Os cientistas do clima e ecólogos são como médicos do planeta, que vêm monitorando uma febre que aumentou nos últimos 80 anos.

Nosso estilo de vida, que depende do petróleo, está na raiz de um problema que está se tornando muito sério rapidamente, enquanto as emissões de carbono continuam a crescer.

As mudanças necessárias não estão acontecendo no ritmo que seria necessário e isso traz ansiedade, preocupação e frustração para aqueles que possuem o conhecimento científico dos fatos. A mudança climática chegou e não vai desaparecer.

Jeniffer Elaina da Silva

Redatora especialista em saúde e planos de saúde. Jeniffer já escreveu mais de mil artigos sobre saúde para o Planodesaude.net e publicou o ebook Cuide de Sua Saúde. Atualmente, cursa Gestão de Seguros e é formada em Marketing com pós em Administração na FGV. Possui também um curso técnico em Direito do Seguro.

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