O óleo de coco é propagandeado como remédio milagroso, para emagrecer, prevenir problemas cardíacos, fortalecer o cabelo e hidratante da pele.
Tantos benefícios em um só alimento ajudaram a alavancar vendas e nutrir uma nova moda, de acreditar no poder do óleo de coco. Mas seus efeitos foram desmentidos, pelo menos no que se refere ao emagrecimento e perfil lipídico.
Quem desmente o mito é gente de peso. Sociedades médicas garantem que não há ganho algum em funções terapêuticas, no uso do óleo de coco. O seu papel em tratamentos para emagrecer foi desmentido pela Associação Brasileira de Nutrologia – ABRAN, que declarou ser contrária ao seu uso com essa finalidade.
O portal da ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica publicou trabalho da nutricionista Alessandra Rodrigues, analisando a nova onda do uso do óleo de coco para emagrecer e demonstrando que é mais um modismo.
De acordo com a pesquisadora, são poucos e contraditórios os estudos existentes sobre os efeitos do óleo de coco para o emagrecimento ou para a melhora do perfil lipídico, isto é, na diminuição do colesterol e triglicérides.
Por ser uma gordura saturada, o óleo de coco deve ser consumido com restrição, como outras gorduras desse tipo. A gordura saturada não deve ultrapassar 7% do consumo calórico de uma dieta. Os efeitos benéficos para a saúde surgem quando ele é substituída por gorduras monoinsaturadas e poliinsaturadas, ao mesmo tempo em que se aumenta o consumo de fibras solúveis, ômega 3, frutas e vegetais. Os suplementos de óleo de coco não fazem milagres, não passando de um modismo, sem fundamento científico.
A Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, em seu portal para promoção da saúde, reforçou a ideia de que deve ser desestimulado o uso do óleo de coco como solução para a obesidade, redução da gordura abdominal ou colesterol, como vinha sendo feito pela mídia. Sendo uma gordura como outras, não pode ser consumido em quantidades acima do recomendado para gorduras totais ou saturadas. Até o momento não há estudos suficientes para se afirmar seus benefícios e não há motivos para se apostar no novo modismo e acreditar que apenas um alimento milagroso vai resolver esses problemas

Imagem: Getty
Outros benefícios também são criticados
A Abran também criticou outras supostas propriedades do óleo de coco para a saúde, que estavam sendo divulgadas. Muita gente está usando o produto acreditando em sua ação antibacteriana. No entanto, estudos foram realizados e demonstraram que não há efeitos do óleo de coco para esse fim.
Outra indicação que vinha sendo divulgada e o uso do óleo para proteção contra doenças neurodegenerativas, como estimulante da função cerebral. No entanto, a Abran também desmentiu seus benefícios nesse campo.
O fato é que o óleo de coco é um produto realmente natural, mas nenhum benefício concreto para a saúde foi encontrado, pelo menos até agora. Mas, para quem quer muito emagrecer, qualquer novidade acaba fazendo sucesso, apesar do preço não ser baixo.
Alguns efeitos prejudiciais do óleo de coco
Alguns sites e blogs estavam indicando a ingestão de óleo de coco em grandes quantidades, até 3 colheres de sopa por dia, como se fosse um medicamento. Essa ingestão não somente não traz benefícios, como traz prejuízos para a saúde dos pacientes.
Segundo a ABESO, estudos apontaram um aumento do colesterol, tanto o LDL, ruim para o organismo, quanto o HDL, benéfico para a saúde, entre pacientes que passaram a consumir o óleo de coco.
Dessa forma, não é possível estimular o uso do óleo de coco, substituindo outros tipos de óleo, para indivíduos que devem manter os níveis de colesterol controlados. É o que os especialistas recomendam, com base nos conhecimentos obtidos até agora. Mas, o azeite de oliva, por exemplo, já foi aprovado em seus benefícios para a saúde, através de estudos em todo o mundo.
Mas, afinal o que nos faz engordar? Vejamos alguns fatores que são determinantes para o aumento de peso: a genética, a idade, o sedentarismo e o tipo de alimentos que consumimos.
A importância do metabolismo em nosso peso
À medida em que envelhecemos nosso metabolismo vai ficando mais lento. Isso significa que, se continuarmos a comer as mesmas quantidades e o mesmo tipo de alimentos que costumávamos comer quando jovens, engordaremos. A única maneira de não engordarmos ao ficarmos mais velhos é comer menos.
O presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia Metabólica, Dr. Fábio Trujilho explica que 70% do nosso gasto energético acontece durante o nosso metabolismo basal, com uma forte determinação genética.
O metabolismo basal é a quantidade mínima de energia para que nosso corpo possa sobreviver. São as calorias gastas durante o sono, que equivalem ao número mínimo de calorias que cada um deve ingerir durante o dia. No metabolismo basal não está incluída a energia que o corpo gasta enquanto está acordado. As funções vitais, mantidas durante o sono e que dependem do metabolismo são a respiração, o bombeamento de sangue e a função renal.
Para acelerar o metabolismo do que consumimos de calorias durante o dia para manter nossa energia precisamos ganhar massa magra, que são os músculos. São eles que aumentam o gasto calórico. Ao contrário do que a maioria acredita, a atividade aeróbica é menos eficaz do que a musculação, quando se trata de perder peso.
Portanto, segundo o Dr. Trujilho, para perder peso temos dois caminhos, comer menos e aumentar o gasto de energia, ativando o metabolismo com atividade física, especialmente a musculação.
Alimentos considerados milagrosos não tem efeito que se possa avaliar sobre o organismo, a não ser uma avaliação subjetiva do próprio indivíduo, que pode sentir maior bem estar ao consumi-los. Mas nunca devem ser usados com exagero, sem deixar de lado a alimentação adequada e a atividade física.
Muitos alimentos caros, que prometem a perda de peso, podem ser substituídos por outros mais em conta, que estão facilmente disponíveis e que contém outras importantes qualidades nutricionais. Exemplos desses alimentos são a água de coco e as frutas com alto teor de vitamina C, como morango, laranja, mamão e jabuticaba. Bebidas “detox” podem ser substituídas pela ingestão de uma água de qualidade, porque nossos rins e fígado se encarregam de eliminar as toxinas, quando o corpo está bem hidratado.
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