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Prevenção ao suicídio vai além do Setembro Amarelo

Tristeza e isolamento da família e dos amigos são comportamentos que indicam a necessidade de ajuda. Uma conversa pode dar outro encaminhamento para a situação de crise.

No mês de setembro é realizada a campanha de prevenção ao suicídio chamada de “Setembro Amarelo”. O tema da campanha é “Doe um minuto, mude uma vida”, para sensibilizar a população sobre a importância de prevenir mortes pelo suicídio, diante dos altos índices que vêm sendo registrados no mundo.

As mortes por suicídio poderia ser evitadas se durante todo o ano e não somente em setembro, fosse divulgada a informação de que é possível dividir os sentimentos com alguém confiável e pedir ajuda, de maneira sigilosa. É o que fazem os voluntários do CVV – Centro de Valorização da Vida.

O trabalho do CVV começou em São Paulo, em 1962, sendo uma associação de utilidade pública federal desde 1973, sem fins lucrativos e filantrópica, com base no trabalho voluntário e gratuito. O trabalho do CVV tem sido muito importante nessa área.

Prevenção ao suicídio vai além do Setembro Amarelo

Imagem: Getty

Suicídio é um assunto complexo

O suicídio contém em si fatores psicológicos, sociais, biológicos, genéticos e culturais. As atividades do Setembro Amarelo, que se dedicam à prevenção, incluem divulgação na mídia, caminhadas, iluminação de monumentos e prédios públicos com luzes amarelas. Além do CVV, essas ações contam com o apoio da Associação Internacional para Prevenção do Suicídio (IASP), representada no Brasil pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em seu relatório sobre o tema, de 2014, no Brasil ocorrem 12 mil suicídios por ano. O total de suicídios anuais no mundo chega a 800 mil, o que significa uma morte por suicídio a cada 40 segundos.

O suicida é levado a acabar com a própria vida pó falta de perspectiva e um grande sentimento de desamparo e angústia. Na maioria dos casos, o desejo do suicídio é fruto de um quadro de transtorno mental que é tratável, como depressão, esquizofrenia, transtorno bipolar e transtornos de personalidade. Um grande número de ocorrências também se deve a uso de drogas, álcool e outras substâncias.

Embora na maioria dos casos já exista um distúrbio mental como causa, há alguns suicídios decorrentes de um impulso causado por uma infelicidade e desesperança pontual. Mas, mesmo nesses casos, a pessoa já tem um histórico de transtorno psicológico.

Como identificar os sinais de um possível suicídio

Na maioria dos casos, o suicida mostra sinais de sua vontade, apenas não somos treinados para identificar esses sinais. Nem sempre eles estão em palavras, mas há indicações sutis naquilo que fala, por exemplo, quando diz que a vida não tem sentido, que seria melhor acabar com tudo.

Há sinais parecidos com a depressão comum, como mudanças de humor, ansiedade, insônia, desesperança e mesmo o uso de entorpecentes. ​

A pessoa que planeja a própria morte, está num estágio mais avançado em sua intenção, já não mais ameaça, porque pode ter tomado uma decisão. Nesse ponto, os sinais passam a ser:​

– busca formas de se despedir das pessoas, procurando amigos antigos e aqueles que foram importantes em sua vida.​

– organizam suas finanças de forma a não deixar dívidas e contas a pagar, para evitar problemas para a família.

– passa a se desfazer de seus objetos, inclusive os de maior valor afetivo, como um testamento de seus bens.

– fala muito do passado, relembrando os seus momentos felizes.

– mostra estar confiante e bem nos momentos que antecedem o suicídio, depois que sua decisão já foi tomada.

Como podemos ajudar

Se você está próximo de alguém que mostra estar pensando em se matar, a melhor forma de ajudar é conversar diretamente sobre isso, tentando identificar até que ponto a pessoa está considerando a própria morte, se é um pensamento constante ou se já há um planejamento.​

É preciso usar de delicadeza, oferecer ajuda e indicar a consulta a um especialista, que é o psiquiatra, que pode diagnosticar o possível transtorno mental que está funcionando como causa do problema.​

O mais importante é ouvir e sem julgamentos. Em muitos casos, a pessoa está precisando falar. Não é preciso dar opiniões, mas apenas ouvir e sem fazer comparações e muito menos condenações.

​Assim, é preciso, acima de tudo:

– Que a pessoa fale livremente

– Não se mostrar chocado/a com o que está ocorrendo

– Não se colocar numa posição de superioridade

– Dar importância ao problema

– Não tentar obter detalhes íntimos​

Será que o suicídio é hereditário?

Não é verdade, o suicídio não é hereditário. Pode sim, ocorrer um transtorno psiquiátrico na família e ele ser transmitido hereditariamente, mas nem sempre o desfecho do problema será encaminhado da mesma forma para o suicídio.

Quais são as situações de maior risco

Devemos estar atentos para o grupo de risco do suicídio e estar alertas para qualquer situação em que seja possível intervir:

– pessoas que já tentaram se suicidar anteriormente e foram salvas ou impedidas por familiares ou amigos.

– portadores de doenças mentais, principalmente esquizofrenia, depressão e dependência química, que formam 90% dos casos de mortes voluntárias. Entretanto, são muitos os pacientes com transtornos mentais e apenas uma minoria tenta o suicídio.

– Portadores de doenças incapacitantes, principalmente indivíduos com mais de 65 anos.

​- Faixa etária: jovens entre 15 e 29 anos e idosos acima dos 75 anos

– Homens divorciados, solteiros e viúvos

– Profissionais da área de saúde

– Ateus

– Desempregados

​Estatísticas do suicídio

A Organização Mundial de Saúde (OMS) fornece dados mundiais sobre o suicídio, mas deixa claro que, na maioria dos países esses dados são pouco confiáveis, não representando a realidade, que pode ser bem pior.

Nos países em que existe prevenção e tratamento, as informações são mais corretas. São apenas 60 países, de um total de 172, que fornecem dados de acordo com a realidade, nos demais países, a maioria subdesenvolvidos, o suicídio fica subnotificado​. De acordo com a OMS, em apenas 28 países existe uma política séria nacional de combate à morte voluntária.

A média global é de 15 a cada 100 mil homens e 8 a cada 100 mil, entre as mulheres. Os índices mais altos são registrados no Sudeste Asiático, com 17,1 suicídios para cada 100 mil habitantes. Em seguida está a Europa, com 13,8 por 100 mil habitantes. O Brasil tem a estatística oficial de 6 para cada 100 mil habitantes, o que é um índice considerado baixo. Os registros ainda não são considerados acurados.

​As mulheres tentam o suicídio frequentemente, mas não chegam sempre a efetivar a morte voluntária. Considera-se que os homens utilizam métodos mais letais, como enforcamento e armas de foto, o que se traduz em maior índice de suicídio entre os homens, além de outras razões. O índice de suicídio masculino no mundo é o dobro do das mulheres. No Brasil, o índice de suicídio dos homens, de 9,4 por 100 mil habitantes, até 2012, foi quatro vezes maior do que o das mulheres, de 2,5 por 100 mil habitantes.

​Ajuda da saúde pública

Serviços de saúde

CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde).

Emergência

Emergência SAMU 192, UPA, Pronto Socorro e Hospitais.

Centro de Valorização da Vida – CVV

Prevenção do suicídio para quem quer e precisa conversar. O sigilo é total. O atendimento é voluntário e gratuito. O telefone 141 atende 24 horas por dia. No Rio Grande do Sul o telefone é 188 e a ligação é gratuita. O atendimento é feito pessoalmente, em 80 postos de atendimento, pelo site (chat, Skype) ou por e-mail.

Regina Di Ciommo

Mestre e Doutora em Sociologia pela UNESP, pesquisadora na área de Ecologia Humana e Antropologia, Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental, foi professora em cursos superiores de Sociologia e Direito, nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Bahia.

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