A dúvida de muitos que começaram o ano com o propósito de emagrecer é saber exatamente o que cortar para ter um resultado rápido e eficaz, gorduras ou carboidratos?
Muitas dietas prometem o melhor e mais rápido resultado. Mas como saber que alimentos cortar numa dieta para ver resultados concretos? Em que horário comer e com que frequência? Essas são dúvidas frequentes, principalmente porque a realidade é que pouco se sabe para respondê-las com segurança, mesmo no meio científico.
São poucas as pesquisas que realmente respondem a essas questões. Além disso, cada indivíduo tem um metabolismo próprio e adota um estilo de vida particular, com resultados diferentes para a mesma dieta, o que torna difícil as recomendações generalizadas. É longo o caminho para descobrir qual a melhor dieta para você.
Quem se preocupa com o peso e já tentou emagrecer, com certeza conhece uma lista enorme de diferentes dietas, que prometem a perda de peso. A maioria delas se divide em adotar uma dieta com redução ou proibição do consumo da gordura ou dietas com redução ou proibição do consumo de carboidratos. Alguns nutricionistas até justificam a indicação da dieta pela análise genética.
Um estudo foi publicado recentemente e ajuda a esclarecer as dúvidas. Os pesquisadores da Universidade de Stanford, nos EUA, analisaram os dois tipos de dietas para saber o que é mais importante reduzir, as gorduras ou os carboidratos. E chegou a uma conclusão, a de que os resultados são semelhantes.
O estudo realizado utilizou uma metodologia rigorosa, para finalmente concluir que nenhuma das alternativas é rigorosamente correta, mas que o objetivo do emagrecimento pode ser atingido igualmente pelos dois tipos de dieta.

Imagem: Getty
O método da investigação
O estudo foi realizado com 600 pessoas, entre 18 a 50 anos de idade. O IMC (Índice de Massa Corpórea) desses indivíduos variava entre 28 a 40, ou seja, entre sobrepeso e obesidade, já que excesso de peso está entre 25 a 30 e obesidade, no índice acima de 30. Os participantes não tinham problemas de saúde, além da obesidade.
O estudo durou um ano. Os participantes, divididos em grupos de 17 pessoas, assistiram a 22 sessões de instrução, todas as semanas, inicialmente e depois a intervalos maiores. Foi orientado que seguissem uma dieta saudável, ou de baixo teor gorduras ou baixo teor de carboidratos.
A dieta exigia que reduzissem 20 gramas por dia do componente enfocado na dieta, ou gordura ou carboidrato. Depois de oito semanas puderam voltar a acrescentar o nutriente restringido, até uma quantidade que pudessem manter a longo prazo. O acompanhamento então durou um ano. Para todos foi feita a recomendação de consumir mais legumes e verduras, reduzir o uso de farinha refinada e açúcar e adotar o hábito de consumir alimentos integrais, com preparação em casa.
Os dois tipos de dieta diminuíram as quantidades de alimentos, mas também mudaram escolhas alimentares e a rotina dos participantes. Eles deveriam evitar comprar comida pronta em supermercados e lojas e frequentar mercados e feiras livres, para comprar alimentos frescos e prepará-los em casa. Também foram orientados a não passar fome, para que não abandonassem a dieta.
Os resultados foram analisados depois de seis meses e ao final de um ano. Os participantes foram monitorados para avaliar se seguiam as instruções. Ao final de um ano se constatou que a perda de peso havia ocorrido de modo semelhante para os dois grupos. Em média, os indivíduos perderam seis quilos no grupo de dieta de baixo carboidrato e 5,2 quilos no grupo da dieta de baixa gordura. Essa diferença não é considerada relevante estatisticamente.
O que o estudo comprovou
Os cientistas que conduziram o estudo concluíram que a conformação genética dos participantes não afetou o resultado. Também a quantidade de insulina no sangue não afetou a perda de peso, considerando-se os dois grupos. Os dois tipos de dietas apresentaram uma curva quase idêntica de resultados. Não houve comprovação de que alimentos preparados em casa ou alimentos integrais, produzam mais resultados no emagrecimento.
Outra comprovação foi de que a redução das calorias não depende de que sejam contadas pelo indivíduo. Os participantes reduziram o valor calórico em cerca de 500 a 600 calorias diárias, mesmo que não as contassem.
A dieta correta é a que funciona para você
O estudo demonstrou que não há prevalência de uma dieta sobre outra, quando se trata de reduzir gordura ou carboidratos.
Faz algum tempo que as dietas de baixo consumo de carboidratos, ou “low carb” estão na moda. São baseadas na crença de que carboidratos como massas, pão, batatas e arroz engordam e tem algum tipo de efeito nocivo para a saúde, principalmente os que contêm glúten.
Muitos nutricionistas explicam que carboidratos simples e açúcar são absorvidos rapidamente pelo corpo, aumentando o nível de glicose no sangue. Nesse caso, o pâncreas libera insulina para normalizar o nível alto de açúcar e o efeito dessa insulina é armazenar o excesso de glicose em forma de gordura. Portanto, segundo essa visão, os carboidratos levam a depósitos de gordura, especialmente no abdômen, além de favorecer o aparecimento do diabetes tipo 2.
Entretanto, o estudo realizado em Stanford demonstrou que os argumentos a favor de um ou outro tipo de dieta não resistem à comprovação. Na verdade, ele mostrou que existem muitas razões para supor dificilmente podemos apostar na dieta ideal para outra pessoa, mesmo considerando sua genética ou nível de insulina, tendo em vista os conhecimentos científicos atuais.
Parece também que o ambiente de dieta feita com apoio, coletivamente, com acompanhamento, pesou muito no sucesso dos pacientes. Uma pessoa que faz dieta sozinha, sem o mesmo acompanhamento e orientação pode não conseguir manter o padrão de alimentação com baixo consumo de carboidratos ou de gordura.
Podemos concluir que é preciso ter cuidado com muitos especialistas em dietas que afirmam poder indicar a melhor dieta para você, mesmo que realize testes para justificar a escolha. Nada parece mudar a atitude básica de tentar não abusar na quantidade de alimento e fazer escolhas saudáveis, evitando comidas industrializadas, muito calóricas ou com muita gordura. É importante manter uma rotina saudável e não se empanturrar de carboidratos em toda a refeição. Se quiser comer pão pela manhã, por exemplo, evite comer pão ou macarrão à noite. Se almoçar macarrão, fuja da pizza à noite.
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