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Saúde e acolhimento para idosos: conheça boas experiências

O Brasil, antes considerado um país jovem, assiste o aumento da expectativa de vida, para 75,8 anos. Agora e no futuro, o país tem o desafio de garantir envelhecimento com qualidade, na saúde e acolhimento.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em sua Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2015), a população do Brasil é de 204,9 milhões de habitantes, que cresceu a uma taxa anual de 1% entre 2005 e 2015.

Enquanto que o número de crianças entre zero e 14 anos diminuiu de 26,5% para 21,4% no total da população, e o número de jovens, de 15 a 29 anos, reduziu de 27,4% para 23,6%, por outro lado, cresceu a população de adultos, de 30 a 59 anos, de 36,2% para 41% e a parcela dos idosos, acima dos 60 anos de idade, aumentou de 9,8% para 14,3%, no mesmo período.

As projeções para o futuro apontam que o crescimento da população de idosos será notável nas próximas décadas. Em quatro estados brasileiros a média na expectativa de vida é superior a 78 anos, em Santa Catarina, Espírito Santo, São Paulo e Distrito Federal.

As reflexões sobre a proporção de idosos na população brasileira aumentou, como parte das discussões sobre a reforma das regras da Previdência Social. Se a população está envelhecendo rapidamente, cabe ao poder público, gestores e sociedade civil o desafio de promover a qualidade de vida das pessoas mais velhas, para que você e sua família envelheçam com bem estar e qualidade.

Aumentar a longevidade da população foi uma grande vitória, conforme afirma Bahij Amin Auh, vice-presidente do Conselho Nacional da Pessoa Idosa (CNDPI). A partir dessa nova realidade, é preciso que a população em geral tenha informações e se e seja educada para entender o processo de envelhecimento, com valorização e respeito ao idoso. Por outro lado, é preciso que o idoso conheça os seus direitos.

Um grande desafio que o país vai ter que enfrentar é a criação e oferta de políticas públicas para um envelhecimento ativo. Mente e corpo precisam se manter em atividade. Além disso, o acolhimento é um dos fatores mais importantes a serem pensados. Com a mudança social que colocou as mulheres no mercado de trabalho, os idosos passaram a ficar sozinhos e sem os cuidados que antes eram prestados pelas mulheres, esposas ou filhas. A família atual fica muito menos tempo em casa e não consegue atender as necessidades dos idosos.

Saúde e acolhimento para idosos: conheça boas experiências

Imagem: Getty

O acolhimento em instituições

O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) informa que há 1.669 instituições de acolhimento de idosos no Brasil. Esse número não é de asilos, ou instituições de longa permanência. Existem outros modelos de funcionamento, como centros de convivência, onde se desenvolvem atividades recreativas e aprendizagem de novas atividades. Há também os centros-dia, que recebem idosos que precisam de algum tipo de atendimento terapêutico.

Infelizmente essas opções ainda se restringem aos grandes centros urbanos, mas se configuram em soluções para os idosos que vivem sós e também como alternativa para as famílias, que trabalham fora de casa, mas são responsáveis pelos mais velhos.

Segundo a coordenação dos Serviços de Acolhimento, do Ministério do Desenvolvimento Social, há 60 mil pessoas atendidas atualmente pelos serviços de acolhimento. O atendimento prestado, infelizmente, muitas vezes é inadequado e repleto de preconceitos, sem respeitar a individualidade das pessoas. As instituições adotam padrões de atendimento muito diverso, sendo que a maioria é ligada a instituições filantrópicas. O governo federal participa ordenando o sistema e  por meio de cofinanciamento, mas sabemos que nem sempre esse suporte existe ou é suficiente.

Uma nova visão de inclusão precisa ser adotada e para isso é necessária uma política de reordenamento dessas unidades. É uma mudança que está sendo iniciada dentro da política de Estado, para a proteção social. O atendimento precisa ser de cuidado humanizado, dentro de locais que sejam verdadeiras residências para os idosos.

O exemplo de Portugal para o cuidado dos idosos

Em Portugal, 20% da população tem mais do que 65 anos, enquanto que o Brasil tem 8% nessa mesma faixa etária.

Pesquisa realizada pela Lisbon School of Business and Economics, com 25 mil portugueses, entre 17 e 71 anos, concluiu que, para mais da metade dos entrevistados, o envelhecimento está entre os maiores problemas do país, entre cinquenta opções apresentadas. Portugal tem um dos índices de fecundidade menores do mundo, está em oitavo lugar, sendo que é o quinto mais envelhecido.

Em Lisboa, a capital do país, a taxa dos idosos com mais de 65 anos é ainda maior, passando a 25% da população. É na capital que estão sendo colocados em prática os projetos da Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável.

Esses projetos são resultado de uma parceria entre a Câmara Municipal e a Santa Casa de Misericórdia, com um orçamento de 140 milhões de euros, para ser investido em quatro anos. Segundo a Santa Casa de Lisboa, a internação hospitalar é apenas uma das respostas ao envelhecimento, seguida da adaptação aos ciclos de vida, evitando que os idosos fiquem muito tempo sozinhos. São, portanto, iniciativas, como incluir os idosos nas atividades culturais da cidade, além de outras mais complexas.

O que é o programa de Envelhecimento Ativo e Saudável

São três os eixos que articulam o programa: vida ativa, vida autônoma e vida apoiada.

– Treinamento de cuidadores – serão treinados 6.000 cuidadores

– Está prevista a reforma de casas e calçadas, para permitir melhor mobilidade para os idosos.

– Construção e readequação de 21 centros destinados a ser Espaços InterAge, compartilhados por jovens, crianças e idosos, com infraestrutura e recursos para servir de biblioteca, creche e asilo. O primeiro deles está em obras e abre no final de 2018.

– Monitoramento de idosos em situação de risco – Já em 2018, 30 mil idosos passarão a ser monitorados 24 horas. Esta tarefa ficará a cargo da Câmara, Segurança Social, Santa Casa, Polícia e Administração Regional de Saúde. Os encarregados terão a chave da casa de idosos que vivem sozinhos ou com outros idosos, que são mais de 85 mil.

– Estão sendo estudadas respostas para aumentar a autonomia dos idosos.

– Dependendo do grau de autonomia, será oferecido o internamento em instituição.

Existem experiências já implantadas, que são um sucesso e nem dependeram do poder público para funcionar. É o caso do Azulinho, um micro-ônibus, com 17 lugares, adaptado para idosos, que circula pelas ruas íngremes do Bairro de Alcântara, onde ônibus comuns não conseguem passar. Ele foi patrocinado por um supermercado local e agora recebe uma ajuda de 25 mil euros anuais da administração da frequesia. Agora os idosos podem chegar ao supermercado, aos correios e ao posto de saúde. São 2.000 pessoas que agora usam o Azulinho, que fazem o percurso como programação diária, uma forma de combater a solidão.

Inovações no lazer e na participação

Há inovações para o lazer e participação das pessoas idosas sendo experimentadas em muitas cidades. É o caso de Gafanha do Carmo, que faz parte da freguesia Concelho de Ílhavo, com 1.500 habitantes. Ali um centro comunitário adotou a tecnologia da internet para dar atividade e divertimento a idosos com mais de 80 anos. Eles agora estão participando das redes sociais, produzindo vídeos para o Youtube e participando de programas de TV.

O centro comunitário tem um orçamento anual de 370 mil euros, que é destinado pela Segurança Social, equivalente a R$ 1,49 milhão, o que não representa muita coisa. Entretanto, ele tem já mais de 37 mil seguidores e produziu 200 vídeos, em que os protagonistas são 35 dos seus idosos. As iniciativas são comandadas por um animador cultural e uma gerontóloga.

Todos dizem gostar do local, os moradores decoram as paredes, as iniciativas de aumentar a autoestima crescem em resultados e até os netos se entusiasmam com o sucesso dos avós. Segundo a gerontóloga, os idosos passaram a ganhar um papel social.

Regina Di Ciommo

Mestre e Doutora em Sociologia pela UNESP, pesquisadora na área de Ecologia Humana e Antropologia, Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental, foi professora em cursos superiores de Sociologia e Direito, nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Bahia.

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