O câncer de próstata é a segunda causa de mortes entre os homens, no Brasil e no mundo. Novos medicamentos e tratamentos inovadores estão surgindo, mas o mais importante é que os homens vençam as resistências e façam os exames preventivos.
Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), a estimativa é de que o Brasil tenha 61 mil novos casos de câncer de próstata por ano. São 13 mil mortes por ano devido à doença. Em todo o mundo, são registrados 1,1 milhão de novos casos por ano, com cerca de 300 mil mortes anualmente.

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O novo tratamento aprovado pela Anvisa no Brasil
Foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a indicação terapêutica do Xtandi (enzalutamida), medicamento para o tratamento do câncer de próstata não metastático, resistente à castração. O remédio será comercializado na concentração de 40 miligramas (mg) em cápsulas gelatinosas.
A Anvisa informou que os estudos realizados pelo fabricante apontam que o Xtandi conseguiu a melhora na sobrevida do paciente livre de metástases. Os testes realizados indicaram que o Xtandi reduziu em 70,8 por cento o risco de agravamento da doença, comparado ao placebo. O efeito da enzalutamida aumentou a mediana de sobrevida livre de metástases em 36,6 meses, comparado àquela do grupo placebo, de 14,7 meses, uma diferença de 21,9 meses.
O tratamento do câncer de próstata
Depois do diagnóstico de câncer de próstata, o paciente passa por um tratamento primário e local. Em seguida, em homens que tem um aumento do antígeno prostático específico, que é identificado no sangue, costuma ser realizada a terapia de privação androgênica, que significa a neutralização da próstata através da castração cirúrgica ou por medicamentos.
Depois da terapia de privação androgênica, o modelo atual de progressão da doença mais frequente é o câncer de próstata resistente à castração. Nesse quadro, os homens podem ter a doença em fase metastática ou não-metastática, isto é, com ou sem dispersão do câncer no corpo.
O produto foi registrado na Anvisa desde dezembro de 2014, tendo a indicação sido aprovada como antineoplásico, para o tratamento de câncer de próstata metastático resistente à castração, em adultos que são assintomáticos ou pouco sintomáticos, depois de falha na terapia de privação androgênica. Seu uso também foi aprovado para tratamento de câncer de próstata metastático, resistente à castração, em homens que já receberam terapia com docetaxel.
Estudos atuais sobre o câncer de próstata reincidente
Em junho de 2018, aconteceu a Reunião Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), na cidade de Chicago, Estados Unidos. O encontro é o maior do mundo na área de pesquisas sobre o câncer e reuniu 32 mil profissionais de saúde de todo o mundo.
Segundo o que foi discutido no encontro da ASCO, os pacientes que sofrem de câncer de próstata têm uma grande probabilidade de desenvolver recorrência da doença, sendo 40 por cento dos pacientes que fizeram a prostatectomia radical, ou seja, retiraram a próstata, e 50 por cento dos pacientes que foram submetidos a tratamento de radioterapia. O monitoramento dos níveis de PSA, ou seja, dos antígenos que existem no sangue e que são específicos da próstata e indicam se há câncer, não é suficiente para indicar se e quando a doença pode voltar. Portanto, esse monitoramento precisa ser melhorado.
Para melhorar o monitoramente dos pacientes que já fizeram tratamentos para o câncer de próstata, pesquisadores de Dublin, na Irlanda e do Memorial Sloan Kettering Cancer Center de Nova York passaram a incorporar à medição dos níveis de PSA no sangue a utilização de técnicas como tomografia computadorizada, tomografias ósseas e ressonância magnética, isto é, técnicas de imagem.
Foram examinados todos os pacientes encaminhados que havia passado pelos testes do PSA encontrado no sangue, que indica células cancerosas prostáticas. Os exames de imagem foram realizados com o uso de uma substância farmacológica semelhante a um contraste, que é absorvida somente por células cancerosas, concentrando-se nos tumores. Dessa forma, é possível rastrear todo o corpo do paciente para identificar a existência de um câncer.
Os resultados permitiram um monitoramente mais eficaz e um tratamento efetivo, que mudou o tratamento dos pacientes e permitiu sua sobrevida.
Essa técnica já existe no Brasil, em diversos centros. Ela é muito eficaz e seu uso será cada vez mais ampliado, possibilitando detectar a localização de eventuais metástases do câncer. Isso poupa o paciente de tratamentos inadequados, porque o médico consegue identificar onde está a doença, percebendo alguma alteração que poderá ser confirmada por uma biopsia localizada, para comprovar com mais segurança onde está localizada uma recidiva e tratar o tumor.
Câncer de próstata – o que é mito
Existem alguns mitos e verdades sobre a doença. A permanência de um imaginário que não corresponde à verdade, em grande parte da população, é um dos fatores que interferem na decisão dos homens de procurar um urologista, como procedimento regular para prevenir o câncer de próstata, principalmente depois dos 50 anos. O urologista Alex Meller, do Hospital Santa Paula, tira dúvidas sobre o exame de toque, sintomas do câncer de próstata e tratamento.
– O câncer de próstata tem cura?
Sim. Mas quase metade da população masculina brasileira não faz exame de próstata. Isso é um fator que influencia para um diagnóstico tardio. A cura depende do estágio da doença, quando ela é diagnosticada e de um efetivo tratamento.
– É verdade que o câncer de próstata é hereditário?
Sim. Os homens com antecedente familiar possuem 2,5 vezes mais chances de desenvolver o câncer de próstata. A chance é proporcional ao número de casos na família
– Será que o toque retal dói?
Não. Ele é desconfortável, porque é causado pela dilatação do esfíncter anal ou músculo do assoalho pélvico. Se o paciente ficar tenso antes do exame, incômodo aumentará.
– O tratamento contra o câncer de próstata leva à impotência?
Não. O tratamento cirúrgico ou o radioterápico leva à esterilidade, não exatamente à impotência. O risco depende da técnica cirúrgica, do tipo do tratamento escolhido, da idade do paciente e dos cuidados pós-operatórios.
– Quem não tem sintomas urinários está livre do câncer?
Não. O tumor na próstata raramente apresenta sintomas. O mais importante é fazer o exame preventivo. Quando o câncer apresenta sintomas, ele geralmente está em estágio avançado.
– Uma dieta adequada pode impedir o desenvolvimento do câncer de próstata?
Sim. A dieta com muitas gorduras saturadas pode aumentar a chance de surgir a doença. Uma dieta balanceada aumenta a sobrevida de homens com câncer de próstata. Exercícios, exame de toque e consumir tomates ajudam a prevenir tumores
– Um exame de próstata oferece certeza de estar 100% correto?
Não. Infelizmente há incerteza quanto ao exame de próstata de rotina de check up e em relação ao exame PSA (diagnóstico através de exame de sangue). Mas os estudos continuam e os cuidados precisam ser tomados.
– Poucos brasileiros morrem por causa de câncer de próstata?
Não. Somente em 2010 foram cerca de 12 mil mortes no Brasil. Atualmente, nos Estados Unidos, o câncer de próstata é a causa de 10% do total das mortes por câncer.
– O câncer de próstata é normal no envelhecimento do homem?
Não. Em alguns estudos houve essa afirmação, porque foi encontrado o tumor em 20% de pacientes na faixa dos 40 anos. Na faixa etária dos 70 anos, há uma maior incidência, que chega a 60%. Mas câncer de próstata não afeta apenas homens mais velhos, ocorre nos jovens, que são os que mais se recuperam com o tratamento.
É preciso difundir a necessidade do exame de próstata de rotina. O machismo e a vergonha não podem atrasar o diagnóstico precoce do câncer de próstata, para que muitas vidas sejam salvas, com o tratamento adequado.
Olá,
Muito bom as informações e com conteúdo top.
Att.
Boa noite Egidio.
Obrigada por comentar no PlanodeSaúde.net,
Que bom que gostou.